sexta-feira, 29 de maio de 2009

Götterdämmerung

"É possível que aqui parem as colunas
Que essas intermináveis fileiras de homens

Se deixem levar pelo vento, se fragmentem e se dispersem
E que me desertem. É possível, é possível...

Eu, no entanto, permanecerei
fiel, mesmo que todos me abandonem.
Manterei a bandeira erguida, vacilado e sozinho.

É possível que os meus lábios
Sorridentes digam palavras loucas,

Mas a bandeira cairá quando eu cair
E, soberba, revestirá o meu cadáver, a guisa de mortalha."

terça-feira, 26 de maio de 2009

Dichter und Denker


"Was zum Raube sich die Zeit erkoren, Morgen steht´s in neuer Blüte da; Aus zerstörung wid der Lenz geboren, Aus den Fluten stieg Urania;Wenn ihr Haupt die bleichen Sterne neigen,Strahlt Hyperion im Heldenlauf...Freie Tage steigen Lächeld über euern Gräbern auf."


"Tudo quanto foi presa do tempo florescerá novamente amanhã, mais belo: a primavera nascerá da selvageria tal Urano nascendo das ondas. Quando as pálidas estrelas inclinam sua cabeça, Hipérion resplandece no seu trajeto heróico...Dias de liberdade se alçarão sorridentes sobre as vossas tumbas."


F. Hölderlin (Hymne an die Freiheit, 1793)

sexta-feira, 15 de maio de 2009

O Mito do Progresso Civilizador


O fenômeno Holocausto foi conseqüência direta do “progresso civilizador” apresentado pela modernidade e sua racionalidade instrumental pela qual a sociedade é vista como objeto a ser eficazmente administrado, melhorado, controlado, dominado e refeito. Como o pensamento forte, da metanarrativa da Modernidade e o idealismo totalizador da realidade conseguiram moldar a desumanização do “Outro”, concebendo com “perfeição” o fenômeno Holocausto?

Com o Iluminismo, foi entronizada uma nova divindade, a Natureza, junto com a legitimação da ciência como seu único culto ortodoxo a dos cientistas como seus profetas e sacerdotes. Tudo, em princípio, fora aberto à investigação objetiva; tudo podia em princípio ser conhecido de forma confiável e verdadeiro. A verdade, a bondade e a beleza, aquilo que é e o que devia ser, tudo torna-se objeto observação sistemática e precisa. Por outro lado, só podiam legitimar-se pelo conhecimento preciso que resultaria de tal observação.

Da forma em que foi moldada pelo Iluminismo, a atividade científica era marcada por uma "tentativa de determinar o lugar exato do homem na natureza através da observação, mensurações e comparações entre grupos de homens e animais" e da "crença na unidade do corpo e da mente". Isso "supostamente se expressava de forma tangível, física, que podia ser medida e observada".

A partir do Iluminismo o mundo moderno se caracterizou por uma posição ativa, planejada, em relação á natureza e a si mesmo. A ciência não devia ser praticada por si mesma; passou a ser vista, antes e acima de tudo, como um instrumento de poder que capacita seu detentor a melhorar a realidade, a moldá-la de acordo com os projetos e interesses humanos e a contribuir para o seu auto-aperfeiçoamento.

A jardinagem e a medicina davam os arquétipos da postura construtiva, enquanto a normalidade, a saúde e o saneamento forneciam as arquimetáforas para as tarefas e estratégias humanas na condução dos negócios humanos. A existência e a coexistência humanas viraram objeto de planejamento e administração; como plantas num jardim ou um organismo vivo, não podiam ser abandonados á própria conta, do contrário seriam infestadas de ervas daninhas ou destruídas por tecido cancerígeno.

A jardinagem e a medicina são formas funcionalmente distintas da mesma atividade de separar elementos úteis destinados a viver e prosperar, isolando-os de elementos perigosos e mórbidos que devem ser exterminados.

Na modernidade o serviço público infundiu nas outras hierarquias seu planejamento seguro e de seu pormenor a burocracia organizada. Do exército a máquina de destruição adquiriu sua precisão militar, sua disciplina e insensibilidade. A influência da indústria se fez sentir na grande ênfase dada à contabilidade, à economia e à preservação de recursos, assim como à eficiência industrial dos centros de extermínio. Por fim, as ideologias da modernidade, em especial lugar o movimento Nazista deram a todo o aparelho um idealismo, um senso de missão e uma noção de construção da historia para atingir o determinado progresso da civilização.

As instituições responsáveis pelo Holocausto, mesmo consideradas criminosas, não eram em nenhum sentido patológicas ou anormais. As pessoas que tiveram ações diretas com a Endlösung (Solução Final) tampouco se desviavam dos padrões estabelecidos de normalidade. Não eram nem anormalmente sádicos e nem anormalmente fanáticos.

Através da sociedade organizada, da pré-ocupação autenticamente racional, pela burocracia fiel a sua forma e propósito, que foi possível a “Solução Final”. Pela cultura burocrática que capacita a ver a sociedade como objeto de administração, como uma coleção de tantos “problemas” a resolver, como a natureza a ser controlada, dominada e melhorada ou refeita, como um alvo legítimo para o planejamento social e no geral como um jardim a ser projetado e mantido à força na forma planejada. Foi a própria atmosfera em que a idéia do Holocausto pôde ser concebida, desenvolvida lentamente, mas de forma consistente e levada até as últimas conseqüências.

Diego Losekam da Cunha

O comportamento Moral e a Política


A Ética é a ciência do comportamento moral dos homens em sociedade que visa investigar os princípios universais e teóricos. Enquanto que a moral parte dos princípios da ética para a esfera do comportamento humano. A função da moral é a de regulamentar as relações mútuas entre os indivíduos e entre estes e a comunidade. Paralelamente, a política abrange as relações entre grupos sociais através de suas organizações especificas que devem ser orientadas para consolidar, desenvolver e transformar os propósitos político-sociais existentes. A atividade política propõe a participação consciente e organizada dos setores da sociedade, daí os projetos e programas a serem desenvolvidos. Nesse caso o indivíduo encarna uma função coletiva e sua atuação se baseia no interesse comum.

Mesmo que o grupo social sempre esteja presente na moral, é o individuo que deve decidir pessoalmente, livre e conscientemente se assume ou não a responsabilidade pela decisão tomada. Os atos individuais somente adquirem o caráter político na medida em que se integram na ação do grupo social. Não obstante, a política e a moral são formas de comportamento que devem permanecer em relação mútua, sem perder suas características especificas, isto é, sem que uma absorva a outra, ou a exclua por completo. A absorção da moralidade pela política pode se refletir na agressão contra um país pequeno mesmo que o agressor trate de justificá-lo politicamente, no caso pela sua segurança nacional.

Na medida em que os povos colonizados não mais se resignam a serem dominados, os agressores recorrem à moral para justificar a agressão. A pretensa atitude moralizante está no modo “imoral” do colonizado, na sua indolência, na criminalidade interna, na hipocrisia que, por conseguinte, serve para justificar a necessidade de lhe impor uma civilização superior. Essa é a tragédia da política imoral que maneja pressupostos morais para legitimar medidas neocolonialistas. Desta forma a política possui um campo especifico que a impede de ser reduzida a uma esfera da moral. A política não deve apropriar-se da moral para aplicar projetos ideologicamente programados, a conseqüência última disso é a transgressão e o desrespeito pela dignidade humana.

Precisamente porque o homem é um ser social, que se desenvolve sempre individual e socialmente, com seu interesse pessoal e coletivo, não pode deixar de atuar, ao mesmo tempo, moral e politicamente. A moral e a política devem assumir uma relação de concordância recíproca. Essa mutualidade se efetivará em sociedade, nas relações da vida pública e a vida privada.

Em síntese o que precisamos é de uma nova moral, sendo esta, conseqüência de transformações radicais na relação homem, sociedade e natureza. Os políticos devem propiciar condições de possibilidade para as mudanças sociais, eliminando interesses antagônicos e principalmente os privados. Do mesmo modo a busca pelo mínimo senso ético-moral da responsabilização consciente pelas atitudes administrativas a fim de extinguir a indiferença perante aqueles que realmente devem ser assistidos. Por conseguinte, faz-se necessário, mais do que nunca, visar uma moral que considere o ser humano sempre como fim em si mesmo e nunca como meio.
Diego Losekam da Cunha

Inquietações da Pós-modernidade


Podemos compreender a pós-modernidade como uma reação cultural aos ideais da modernidade, a rejeição ao determinismo científico como descrédito a objetividade da Razão. A incredulidade aos metarrelatos, acompanhados de forte tendência ao irracionalismo, o que pode ser evidenciado pelo fundamentalismo contemporâneo, a sociedade de consumo em detrimento a uma sociedade de produção, a incerteza da vida cotidiana, a insegurança na cidade, a precariedade dos laços afetivos e do trabalho, a troca do durável pela amplitude das diversas escolhas, o excesso de informações superficiais. Nesse sentido a pós-modernidade sobrecarrega a vida dos indivíduos com um grau de ansiedade e aporia sem precedentes.

Se partirmos da mensuração da proximidade e distância entre o presente e o passado recente percebemos que na modernidade sólida tanto os trabalhadores como os donos de empresas sabiam categoricamente que eles iriam se encontrar novamente amanhã, depois de amanhã e no ano seguinte, pois os dois lados dependiam um do outro. Na sociedade que se liquefaz no ar, podemos ser demitidos mesmo sem uma palavra de alerta. Os dois lados flutuam num labirinto de incertezas implicando nas perspectivas de longo prazo.

A “autonomia na Pós-modernidade como um delírio” permeia na desertificação do campo do Outro, os devaneios do caminhante solitário - em referência ao filósofo Rousseau, no que tange o sujeito que está sozinho no universo e que apreende com a natureza sem o auxilio do Outro, o qual a precipitação demasiada da autonomia é o protótipo que presenciamos atualmente. A redução do Universo da linguagem e do discurso numa relação dual em que o terceiro não tem mais sentido, que por sua vez acarreta na desertificação do Semelhante. Nesse caso a noção de alteridade é descartada, o qual não mais existe sujeito, mas objeto que acaba sendo instrumentalizado e manipulado em vista do desejo fluido não concretizado.

Do mesmo modo a Estética como não mais detentora das formas puras de beleza institucionalizada, das proporções harmônicas, do ideal de perfeição com um processo e projeto lógico, mas uma Estética que é vista de muitas concepções e visões interpretativas, que emerge agora com liberdade, permitindo várias narrações sendo caracterizado por manifestações simbólicas.
Sobressai uma Religião da desconstrução, de uma fé des-institucionalizada e des-ontologizada (que fica apenas com a experiência religiosa; da fluidez), de uma mística sem face, ou seja, uma mística sem o Outro, sem a palavra no sentido da não aceitação de algo que interfira requerendo comprometimento, basta analisar recentemente a imensa procura popular pelo des-velamento do suposto grande segredo da lei de atração para o sucesso pessoal.

Elevam-se dois riscos extremos: de um lado o relativismo como reação ao absolutismo, e de outro o fundamentalismo como demasiado apego ao fundamento devido à ausência crítica ou o irracionalismo pós-moderno, uma forma de usar a liberdade para tentar fugir dela diante o medo e insegurança a dissolução.

Para onde nos levará a pós-modernidade? Essa sociedade líquida caminha cada vez mais para a singularidade do sujeito, que em contrapartida, indubitavelmente desconhece as futuras conseqüências desse sereno movimento sobre a humanidade. Clara e distintamente precisamos constituir e ampliar os horizontes cognitivos da sociedade em vista de reascender a reflexão poderosa nesse diálogo sem fim com a condição humana.

Diego Losekam da Cunha

Quando falamos em Ética

A Ética se refere aos fins fundamentais, com os valores supremos, com princípios, ou critérios fundadores de ações. A Moral tem a ver com os costumes, os atos dirigidos conscientemente diante a sociedade, o conjunto de valores e de hábitos consagrados pela tradição, por isso a moral é a parte prática dos valores que tem sua fundamentação na Ética. Nessa perspectiva a conceituação de Ética-Política foi se estabelecendo historicamente, desde Platão e Aristóteles, até os pensadores da Filosofia-Política Moderna, com Hobbes, Locke, Rousseau, Hume dentre outros.

Todavia é Immanuel Kant que alega e fundamenta a existência de máximas Universais, construídas racionalmente pela singularidade de cada sujeito, e que essas Leis devem ser enquadradas a realidade de cada individuo. Faz-se necessário as ações corresponderem como Imperativo Categórico, o qual os atos sejam respeitados pela autonomia de cada sujeito, no seu livre-arbítrio. Todavia quando as leis universais são aceitas pela coerção - em que a força que emana pelo poder do Estado impõe respeito à norma legal – ou mesmo pela obrigação imposta como forma de Imperativo Hipotético, isso segundo Kant, efetiva-se por imoralidade. Quando qualquer individuo que anteriormente constrói racionalmente suas máximas universalizando-as, em sua plena consciência, para fazer possível o “mundo social ajustado”, não poderá de modo algum, estabelecer a exceção de qualquer lei consentida como absoluta à sociedade organizada. Desta forma o mesmo sujeito estaria entrando em contradição com sua construção ao nível racional (vernunftel), nessa perspectiva o paradoxo é uma forma de antiética ou mesmo imoralidade.

Na pós-modernidade, que inexiste a linearidade histórica, em que não mais a metanarrativa tem predominância sobre a realidade, em que a ideologia fundamentada por vez num sistema complexo de forte ênfase sobre a Ética, não mais ocupa lugar sobre o espaço e tempo presente. Diante essa forma multilateral de conceber a realidade, se fazem possíveis várias histórias. A Moral não é mais centrada em princípios Éticos Universais, de certezas absolutas que direcionam todos ao mesmo objeto. Existe a Moral Aporética porque convive com o incerto, ou seja, o individuo tem dúvidas diante uma escolha, no exato rumo para o seu discurso.

Esse contra-senso diante uma Ética fundamentada na universalização com uma Ética particularizada, emergem diversas ações que geralmente não condizem para o ajustamento da sociedade na sua complexidade de relações. A Política - enquanto conjunto de objetivos que enformam determinado programa de ação governamental e condicionam sua execução - e especificamente os legisladores que relativizam constantemente o próprio concebimento da Ética, tornando-a eficaz para o corpo orgânico estruturado em todos os níveis da vida social. Todavia as exceções de Kant, que são efetivadas como antiética, aparecem constantemente quando as comparamos as estâncias da corrupção governamental, talvez diante a perda do ego político empreendedor, idealista e revolucionário, ou mesmo pela demasiada inclinação para pequenas transformações e interesses pessoais.

Em síntese o que precisamos, é reacender a chama do advento de uma nova era, não mais eivada de desigualdades e lutas, uma nova mentalidade de uma juventude desejosa de crescer. O renascimento da inspiração denodada pela libertação dos povos explorados, pelo engrandecimento de sua pátria através de melhores métodos de aproveitamento da sua juventude e do denominado povo, nos quais repousa toda a riqueza da nação.
Diego Losekam da Cunha

quarta-feira, 13 de maio de 2009

"Den Himmel überlassen wir den Engeln und den Spatzen." HEINE

sexta-feira, 8 de maio de 2009

O LEGADO DE RICHARD WAGNER (1813-1883)

Minha vida, afinal valeu para alguma coisa” concluiria Wagner em sua despedida eterna. O artista de Bayreuth foi ao mesmo tempo metafísico, dramaturgo, poeta e sinfonista. Tentou a fusão das artes para realizar algo extraordinário e inimitável. Sua missão era fazer da arte e da música uma síntese de todas as formas de conhecimento e da ESTÉTICA uma espécie de monumento Babilônico, orgulhoso e único.

A música operística deveria abranger uma linguagem global, um pensamento confusamente total, uma sensibilidade sintética e MÍTICA, uma espécie de ponte entre o Ideal e o Real. A música, segundo Wagner, não deveria ser simplesmente uma combinação de sons agradáveis ao ouvido, mas acima de tudo ela significava o Universo que existia dentro de si próprio, uma espécie de “metafísica mesma de meu ser”.

Eu definiria de bom grado os meus dramas como ações musicais que se tornam visíveis”, algo ideal que se entrelaça sobre a intermediação do artista à realidade. “Isto porque a música revela como coisa-em-si, a essência mais íntima do mundo”, pois ela OPERA e CRIA.

Através do mundo de mitos e lendas do povo alemão, Wagner desenvolveu seus “Leitmotiven” (Temas Condutores), eles guiavam o trabalho, os quais apresentavam texto e música em plano de igualdade, fundido a elementos COREOGRÁFICOS, PICTÓRICOS e ARQUITETÔNICOS.

Richard Wagner foi fiel às raízes culturais alemãs ao passo que valorizou o misticismo e a fantasia caracterizando sua “arte integral”. Para ele o ARTISTA deveria ser um sacerdote e a ARTE, uma religião que visasse ao engrandecimento do indivíduo, da raça e da humanidade.
Diego Losekam da Cunha

quarta-feira, 6 de maio de 2009

O que é Estética?

A expressão Estética como ciência do conhecimento sensitivo, que por sua vez, é análoga à Razão, começou a ser usado por Alexander Baumgarten por volta do ano de 1750. Nesse caso a Estética referia-se estritamente à Aesthesis, como sendo sensibilidade, ou seja, referente aos sentidos humanos. Não obstante, Leibniz pretendia tornar o objeto de reflexão analítica não apenas o que é claro e distinto, mas fazer a analise apurada do que é obscuro e confuso. Aquilo que escapa da logicidade humana.

Agora são trabalhados os sentimentos obscuros, que não foram vistos anteriormente como as angústias e medos existenciais. Do mesmo modo Leibniz e Baumgarten desmantelam a pura razão e exaltam a vida que nos perturba e que não conseguimos entender. É trabalhar as Paixões da Alma.

Se partirmos do pressuposto que o objeto da Estética é a arte, haveríamos de admitir como Nietzsche que “precisamos da mentira da arte para viver”. A deploração Nietzscheniana a arte, era vista com demasiada freqüência como um enfeite da existência humana, como um pequeno ornamento encarregado de trazer um pouco de fantasia a uma vida escravizada ao funcional. É quase uma negação da racionalidade que também é capaz de compreender que o rosto não maquiado mostra a realidade do verdadeiro.
Diego Losekam da Cunha

terça-feira, 5 de maio de 2009

Tributo ao poeta Hölderlin

Friedrich Hölderlin (1770-1843), e sua poesia com traços típicos do romantismo alemão, viveu afastado de todos, sendo mais tarde vitima do trágico destino de loucura. Sem dúvida, hoje Hölderlin é julgado um dos maiores poetas alemães.

Suas características, do amor pela história grega, o primado espiritual da beleza e da poesia como as únicas capazes de captar o Infinito-Uno, o forte sentimento da pertença ao Todo do universo e a divinização da natureza, entendida como origem dos homens e deuses, marcará seu papel na história, ainda mais quando reavaliado pelo filósofo Heidegger.

Um exemplo do romance dramático do Poeta encontra-se na sua obra “Hiperion ou o eremita na Grécia”. Hiperion é um grego do século XVIII que queria lutar pela independência de sua pátria dominada pelos turcos e para fazer renascer a antiga Grécia, mas que ao final se dá conta de que os gregos de seu tempo são bem diferentes dos antigos. A essa amarga desilusão, acrescenta-se ainda a morte de sua amada Diotima, depois de seu refugio na Alemanha, onde ele, no entanto, encontrará total incompreensão. Por fim só encontra paz refugiando-se no seio da divina natureza.
Diego Losekam da Cunha

O HINO À NATUREZA

Hölderlin conclui o Hiperion com a essência do seu pensamento, constituindo uma das expressões mais significativas no “naturalismo” romântico.

“Ó tu natureza, com teus deuses – pensei. Sonhei até o fim o sonho das coisas dos homens. E agora eu digo que só tu vives e que tudo o que aqueles que não têm paz conquistaram com esforço e pensa-ram agora se desfaz, como bolas de cera, em contato com tuas chamas!

Há quanto tempo eu sentia a tua falta? Desde o tempo em que tal multidão te insulta, dizendo vulgares os teus deuses, os vivos, os serenamente felizes!

Os homens afastam-se de ti como frutos murchos: deixa-os morrer para que retornem à tua raiz. E eu, ó árvore da vida, que eu possa reverdecer contigo e respirar em torno de tua fronde, com todos os teus ramos carregados de rebentos! Doce e intimamente, porque todos nós germinamos do áureo graneiro de sementes!

Vós, fontes da terra! E vós, flores! E vós, bosques e águias! E tu, irmã luz! Como é antigo e novo o nosso amor! Nós somos livres e não nos angustia o assemelharmos-nos exteriormente. Como não deveria mudar os modos de vida? Todos nós amamos o céu e nos assemelhamos intimamente, no mais profundo de nós mesmos.

Ó alma, ó alma, beleza do mundo, indestrutível e fascinante, com tua eterna juventude, tu existes! Tudo ocorre por efeito de um desejo e tudo termina na paz.

As veias partem do coração e a ele retornam – e tudo é única, eterna e ardente vida!”

Friedrich Hölderlin (1798)

O Problema de Deus na Filosofia

A Metafísica começa quando Deus passa a ser a medida de todas as coisas. Ademais Aristóteles costuma afirmar que por necessidade racional temos que admitir um Motor Imóvel, para não cairmos no absurdo. Esse Motor consegue mover o universo permanecendo na plena estaticidade, diante disso, ele é o principio, a causa primeira do todo. Para Santo Agostinho o conhecimento de Deus só é possibilidade no interior do homem, pois Deus está em mim mesmo como condição de possibilidade de conhecimento no meu entendimento.

Com o início da modernidade, Descartes acreditava que o conhecimento de Deus está no pensamento, quando o sujeito usa seu cogito. No ato de duvidar, eu já penso e ali está o conhecimento de Deus. Mais tarde Kant afirmaria que é uma necessidade da existência humana, um ser superior para coadunar o mundo social ajustado, por isso, nosso conceito de liberdade, moralidade e imortalidade da alma se abarcaria numa metafísica.

Em seu ateísmo, Feuerbach formula a gênese do homem como criador de Deus. Segundo ele, Deus é a imagem e semelhança do homem, nesse sentido o homem é o centro do universo, é ele o divino que perpassa no círculo de sua própria existência, talvez como o homem vitruviano de Leonardo da Vinci em seu antropocentrismo renascentista.

Todavia o ateísmo faz parte do fenômeno religioso, quando partirmos do pressuposto que a experiência religiosa implica da existência ou não de Deus. Por isso, a Filosofia da Religião estuda o fenômeno religioso e a prática humana que é Deus.

O problema do conhecimento de Deus perpassará a historia de evolução da humanidade. Por conseguinte ainda paira as incógnitas filosóficas: o que realmente existe na mente humana que possibilite o conhecimento de Deus? É possível partir do cogito para chegar até Deus? A minha mente finita poderia criar uma idéia infinita? Se problematizar a tese agostiniana, como Deus pode estar em mim? E como eu posso ser moradia de Deus? Além disso, como eu sei que minha crença não foi uma “vida” de mentira? Em vista disso, como posso chegar a indubitabilidade da certeza?

Talvez a FÉ possa nos orientar, para chegar a “compreensão” daquele que ordena o universo através da Iluminação cósmica, possibilitando reconhecer a medida e o parâmetro de toda humanidade.
Diego Losekam da Cunha

segunda-feira, 4 de maio de 2009


"Desejo aromas e risos,
desejo novas canções
sem lua, sem lírios
e sem amores acabados.

Um canto do amanhecer
que sacuda as certezas do futuro
e encha de esperança
suas ondas e seu limo.

Um canto luminoso e tranqüilo,
repleto de pensamentos,
sem tristezas nem angústias,
mas com sonhos.

Um canto que penetre a alma,
as coisas e o vento
e que, por fim, encontre o seu repouso
na alegria de um coração eterno."

Frederico García Lorca

Seja Vegetariano

O VEGETARIANISMO não é apenas uma questão de Saúde, mas também uma ação ética em detrimento dos direitos dos animais...