Na modernidade tudo torna-se quantificável, mensurável, submetido as leis universais que possibilitam o movimento dos corpos. Reduzindo a physis tudo torna-se possível de ser decomposto fisica-quimicamente e decifrados matematicamente. A totalidade do ser humano abrange não mais sua subjetividade, mas esta só pode ser entendida em sua materialidade mensurável empiricamente.
A tarefa de construção de uma ordenação que correspondesse a uma totalidade, sendo que a condição humana se enquadra na possibilidade, regularidade em bases antropocêntricas exigindo no homem moderno a suspensão de qualquer telos meta-humano. Agora se faz mais do que nunca ascender à elaboração de um método para a busca do conhecimento e da verdade, caracterizando-se como científico. É a conceitualização que possibilita universalizar as descobertas, que estabelece leis e princípios determinantes da realidade, que ocorre a superação das crenças e superstições da história das civilizações.
Em contrapartida, essa moderna concepção de sociedade organizada racionalmente que preparava a humanidade para o progresso civilizacional, revelou-se com um profundo anti-humanismo. A rejeição de toda valoração e qualquer princípio moral, criou um vazio que foi preenchido pela idéia da utilidade social. O homem passou a ser um individuo objetificável.
O SENTIMENTO DO SEM SENTIDO
A decadência da modernidade transformou-se no sentimento do sem sentido, de uma ação que não aceita outros critérios que os da racionalidade instrumental. Toda subjetividade deveria ser descartada pela visão racionalista do mundo em uma ação puramente técnica pela qual a racionalidade é colocada ao serviço das necessidades.
Com o auto-desenvolvimento da sociedade moderna houve a substituição da responsabilidade moral por responsabilidade técnica, por isso a tecnologia da separação e segregação promovia a indiferença. Os crimes contra a humanidade eram justificáveis e reduzido pelo cálculo da autopreservação. Segue-se uma lógica da apreensão de ser eliminado que acarreta no exterminio do suposto agressor; esta racionalidade roubava a vida humana da sua humanidade.
Essa modernidade no seu alto grau científico, mostrou que colocar a autopreservação acima do dever moral não pode ser entendido como inevitável e nem responsabilizar as mesmas ações por supostos sentimento de ameaça.
A conceitualização do Outro com argumentos depreciativos servem para despertar os medos arraigados, a repulsa e aversão a serviço do extermínio, mas também coloca o Outro em uma distância mental na qual os direitos morais não são mais visíveis, por isso, o Outro não é mais objeto de avaliação moral.Nessa cosmovisão racionalista, declarar que uma categoria específica de indivíduos não tem lugar na ordem projetada, com o pressuposto da pureza, é dizer que essa categoria está além da redenção, ou seja, ela não pode ser reformada, adaptada ou forçada a se adaptar.
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